(Livro de Genésio, cap. 15)
E estava Sara já muito avançada em idade, longe de sua idade de ouro – isto é, entre os 65 e 90 anos, quando ainda conquistava o amor de faraós e reis do deserto, além de parir crianças saudáveis. Deus, ao notar que Sara chegava aos cento e vinte e sete anos, percebeu que havia se esquecido do tempo e permitido que uma mulher passasse dos cem anos.
Ora, é consenso bíblico que as mulheres nunca viveram mais de cem anos, apenas os grandes patriarcas do pré-dilúvio passaram deste ponto: Adão, 930 anos; Sete, 912 anos; Matusalém, 969 anos (teve o primeiro filho com 187 anos, foi outro homem de vigor); e por aí vai…
É bem verdade que nem estas Sagradas Reescrituras sabem com que idade Eva morreu, mas não deve ter passado dos cem, pois comeu do fruto proibido e foi a primeira a pecar.
Mas basta de tanta Matemática, o que importa é que o Senhor, machista como é, arrependeu-se de haver permitido uma vida tão longa a Sara, matando-a aos cento e vinte e sete anos. Abraão, muito triste por perder sua ex-modelo, decidiu sepultá-la com todas as honras possíveis.
Em um ato ousado, Abraão foi negociar com os bravos e temerosos hititas uma caverna onde pudesse sepultar a pobre Sara. Inesperadamente, os hititas demonstraram grande respeito por Abraão (talvez ficaram assombrados quando este lhes contou sua idade, não era coisa comum por aquelas bandas um homem chegar saudável aos cento e quarenta anos). Disseram-lhe que escolhesse qualquer lugar e este não lhe seria negado.
Em um ato de extrema humildade, Abraão se curvou diante de um deles e pediu que intercedessem diante de um hitita famoso chamado Efron, cujo primeiro nome era Zac. Este era um famoso ator e cantor do império Hitita, que já havia usado sua caverna para as gravações do Big Hole Musical e agora queria apenas se livrar da cova.
É consenso, desde que o mundo é mundo, que os artistas são desprendidos dos bens materiais; basta que a fama suba-lhes à cabeça para seguir uma vida de extravagâncias. Mesmo assim, Abraão não pode conter a perplexidade ao ouvir estas palavras de Zac Efron: “Não, meu senhor, ouve-me: O campo te dou, também te dou a cova que nele está, diante dos olhos dos filhos do meu povo ta dou; sepulta a tua morta“.
Quem duvidar, que consulte as Sagradas Escrituras no Livro de Gênesis, capítulo 23, versículo 11; este é um dos poucos trechos onde ambas as Escrituras coincidem. Claro, os milhares de anos separam o diálogo original dos escritos bíblicos modernos produziram algum desvio, mas o sentido da conversa é o mesmo.
E Abraão, muito honrado como era, não permitiria que uma cova de luxo destas lhe fosse dada assim, de mão beijada. Então perguntou, como quem não quer nada: “Mas diga-me, apenas a título de conhecimento, quanto valeria tua preciosa cova se tu fosses vender a outro?“. E Zac Efron: “Digamos, a título de conhecimento, que vale quatrocentos siclos de prata. Ou seja, por volta de quatro quilos de metal precioso.”
O escolhido de Deus, há muitos anos envergonhado pelos bens que havia ganho do faraó e do rei Abimeleque (dinheiro sujo adquirido com a cumplicidade do Senhor, é bom reforçar), não hesitou em pagar-lhe os exatos quatrocentos ciclos de prata.
E a caverna de Macpela e o campo próximo a ela foram os primeiros pedaços de terra conquistados por Abraão. Não foram dados pelo Senhor, como ele havia prometido há 60 anos, mas bem sabemos que o que esse deus promete não se escreve. Que o digam os inocentes de Sodoma e Gomorra, queimados vivos sem chance de julgamento ou algo que o valha.
A Deus só importa que nessa caverna repousarão os seus escolhidos, sendo que a primeira boa alma a se hospedar ali foi Sara. E viu Deus que era bom.